Artigo: Mesada deve
ser levada a sério pelos pais
A
mesada é um ótimo instrumento de educação
financeira. Permite que as crianças e os jovens possam dispor de algum
dinheiro para experimentar a liberdade e a responsabilidade que estão
associados a isso. Mas, como todo instrumento, deve ser acompanhado de
orientações para uso, de “calibragem”, de acompanhamento.
Inicialmente, ela é uma opção
dos pais. Não há obrigatoriedade em pagá-la. Porém, se os pais concordam em
fazê-la, se assumem esse compromisso com os filhos, então a partir desse
instante ela passa a ser uma obrigação. Um compromisso que deve ser levado a
sério.
A melhor época
para começar a pagar mesada é quando as crianças começam a ser alfabetizadas.
Nessa fase, elas já possuem melhor capacidade de compreensão, de relacionamento
e alguma noção temporal. No começo, tudo parece festa. E pode continuar assim
nas primeiras semanas, até que a criança se acostume com o prazer de ter
dinheiro à sua disposição.
Aos poucos os
pais devem passar orientações, dar dicas, ensinar o uso correto e, acima de
tudo, devem acompanhar o uso por parte dos filhos – e é bom intervir quando há
excessos. É importante que a criança pense também em guardar, poupar uma parte,
mas é essencial que ela aprenda a gastar, a usar seu dinheiro com
responsabilidade e que aprenda noções sobre limites.
Apesar da mesada, os pais não podem transferir
aos filhos responsabilidades que são deles, dos pais. É preciso acompanhar, saber como o dinheiro está
sendo gasto, descobrir os valores e as coisas importantes para os filhos,
conhecer seus hábitos de consumo,
seus planos de curtos e médios prazos.
É preciso que
os pais tenham consciência da relevância dos exemplos, da importância do
planejamento, que ajudem os filhos a aprender tanto com a escassez quanto com a
fartura de recursos. E também cumprir com seus compromissos, pois se os
pais não seguirem os acordos, estarão passando uma mensagem – ainda que
inconsciente – de que compromissos não precisam ser levados a sério.
Aliás, atrasos e adiantamentos só
podem acontecer em casos excepcionais, com pagamento
de juros em casos de atraso e cobrança de “desconto” em caso de
adiantamentos. Isso ajuda a ensinar a importância da organização financeira e a
demonstrar que o dinheiro tem custo no tempo.
Desrespeitando previamente o
combinado, os pais podem até perder credibilidade diante dos filhos, principalmente
nas questões
financeiras. É como se alguém pudesse simplesmente deixar de pagar as
contas em dia impunemente. Contas, prestações, compromissos financeiros em
geral, devem ser pagos em dia. Sempre! Inclusive a mesada.
Autor: Álvaro
Modernell é especialista em educação financeira e previdenciária,
palestrante, autor de vários livros, projetos, cartilhas e artigos sobre
educação financeira, além de sócio fundador da Mais Ativos Educação Financeira
e coordenador do portal www.edufinanceira.com.br, referência
nacional na área.