segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Mesada deve ser levada a sério pelos pais

Artigo: Mesada deve ser levada a sério pelos pais


A mesada é um ótimo instrumento de educação financeira. Permite que as crianças e os jovens possam dispor de algum dinheiro para experimentar a liberdade e a responsabilidade que estão associados a isso. Mas, como todo instrumento, deve ser acompanhado de orientações para uso, de “calibragem”, de acompanhamento.
Inicialmente, ela é uma opção dos pais. Não há obrigatoriedade em pagá-la. Porém, se os pais concordam em fazê-la, se assumem esse compromisso com os filhos, então a partir desse instante ela passa a ser uma obrigação. Um compromisso que deve ser levado a sério.
A melhor época para começar a pagar mesada é quando as crianças começam a ser alfabetizadas. Nessa fase, elas já possuem melhor capacidade de compreensão, de relacionamento e alguma noção temporal. No começo, tudo parece festa. E pode continuar assim nas primeiras semanas, até que a criança se acostume com o prazer de ter dinheiro à sua disposição.
Aos poucos os pais devem passar orientações, dar dicas, ensinar o uso correto e, acima de tudo, devem acompanhar o uso por parte dos filhos – e é bom intervir quando há excessos. É importante que a criança pense também em guardar, poupar uma parte, mas é essencial que ela aprenda a gastar, a usar seu dinheiro com responsabilidade e que aprenda noções sobre limites.
Apesar da mesada, os pais não podem transferir aos filhos responsabilidades que são deles, dos pais. É preciso acompanhar, saber como o dinheiro está sendo gasto, descobrir os valores e as coisas importantes para os filhos, conhecer seus hábitos de consumo, seus planos de curtos e médios prazos.
É preciso que os pais tenham consciência da relevância dos exemplos, da importância do planejamento, que ajudem os filhos a aprender tanto com a escassez quanto com a fartura de recursos.  E também cumprir com seus compromissos, pois se os pais não seguirem os acordos, estarão passando uma mensagem – ainda que inconsciente – de que compromissos não precisam ser levados a sério.
Aliás, atrasos e adiantamentos só podem acontecer em casos excepcionais, com pagamento de juros em casos de atraso e cobrança de “desconto” em caso de adiantamentos. Isso ajuda a ensinar a importância da organização financeira e a demonstrar que o dinheiro tem custo no tempo.
Desrespeitando previamente o combinado, os pais podem até perder credibilidade diante dos filhos, principalmente nas questões financeiras. É como se alguém pudesse simplesmente deixar de pagar as contas em dia impunemente. Contas, prestações, compromissos financeiros em geral, devem ser pagos em dia. Sempre! Inclusive a mesada.


Autor: Álvaro Modernell é especialista em educação financeira e previdenciária, palestrante, autor de vários livros, projetos, cartilhas e artigos sobre educação financeira, além de sócio fundador da Mais Ativos Educação Financeira e coordenador do portal www.edufinanceira.com.br, referência nacional na área.

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